MARIO QUINTANA - Cordel

 

MARIO QUINTANA

     Poeta das coisas simples

Meu Quintana, os teus cantares

Não são, Quintana, cantares:

São, Quintana, quintanares.

Quinta-essência de cantares…

Manuel Bandeira

 

Grande poeta, tradutor,

Jornalista brasileiro,

Solteiro, nunca se casou.

Nos hotéis, parte da vida

Viveu e nunca se cansou!

*

De humor fino, cortante

Sempre de prontidão.

- A moça: não casou por quê?

Resposta na palma da mão:

Leia a resposta abaixo,

Tire sua conclusão!

*

Muito melhor deixar dez                    

Mulheres esperançosas

Do que uma só desiludida,

Triste, largada, sofrida

Lamentando, choramingosa

Minha atitude bandida!

*

Quando se referia a hotéis

Era prazeroso dizer:

“Eu moro em mim mesmo”

Tem sentido me maldizer?

Caso o quarto seja pequeno,

Mais coisas a não se perder!

*

O que não pode faltar:

Lugar pra ler e escrever,

Muitos livros formando altar

Não faço empenho de TV.

Uma redinha pra armar

Dormir até o amanhecer!

*

Gaúcho de Alegrete,

Lá, Quintana cresceu

Veio morar na capital (RS)

Aqui, trabalho apareceu.

Saraus... Livros... Bienal

Chuvas de sucessos choveu!

*

Mário, com palavras brinca

Ao versejar com o leitor,

Mas o que diz é muito sério

Dando lições com rigor.

Com classe, sem vitupério,

Sem um pingo de rancor!

*

“Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.”

Vida, eterno movimento

Não há o que se contestar

“Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!”!

*

Os versos entre aspas acima

Fazem parte da poesia:

“Canção do dia de sempre,”

Dá um curso de filosofia!

Este poema é de arrasar,

Vou já me matricular

No curso, “O Mundo de Sofia”

*

“Poeta das coisas simples”

Assim se tornou conhecido

Ele escreveu sobre a vida

Vida simples... vivida

“Imortal” e muito querido

Cumpriu bem sua missão

Pena não ter sido elegido!

*

De versos tão simples

Ah, que profundo poeta!

Não entrou na Academia

Causa: política abjeta

Tentou. “Rententou. Tritentou,”

Entrar, mas não emplacou!

*

Quase chegando ao final,

Falemos um pouco mais

Desse poeta genial.

Figura certa nos anais

Da Literatura nacional.

*

“A Rua dos Cataventos”

Primeira obra publicada (1940)

Abordando morte e infância

Foi muito bem aclamada

Publicou mais de vinte livros

Ao longo da caminhada!

*

O livro,”Caderno H” (1973)

Um clássico brasileiro

Aborda as alegrias da vida

Esgotou-se bem ligeiro

Obra bem recebida

Sucesso no Brasil inteiro!

*

Com este simples cordel

Me despeço de vocês,

Mas podem acreditar:

Eu retornarei outra vez.

Pra versejar sobre Quintana

Que, com seus versos me refez!

.

Airton Soares

21 02 25