quarta-feira, 5 de março de 2025

DE CAMAROTE - Airton Soares

 25 03-05

Fico aqui de camarote
Só cubando o movimento.
JR desdobrando o mote
Dando aquele caimento!
*
Pra isso, lhe sobra talento,
Fazer rima sonorosa
A estrofe sai bonita,
Pronta pra sair na fita
Valorizando a glosa!
Tal qual vestido de chita
Numa cabocla gostosa!
AS 05 03 25
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Meu verso é como a cascata
Que cai do topo da serra
E desce irrigando a terra
Verdejando toda a mata
O meu verso é serenata
Para o povo do sertão
É som de chuva e trovão
Alegrando quem cultiva
Sou verso de Patativa
Nascido em riba do chão.
Glosa: João Rodrigues
Mote: Lindicássia Nascimento

ANTES ERAM TRAJES DE BANHO - Airton Soares

 25 03-05




Antes eram trajes de banho
Hoje, chamados vestido
Todo ano tem um ganho
O corpo é menos escondido!
*
Tudo agora é trivial
Tudo agora é diferente
Estão usando fio dental
Em lugar que não dente! (1)
.
(1) trova adaptada que Li Por Aí
°°° AS 25 03 04

terça-feira, 4 de março de 2025

AFFONSO ROMANO - Partiu!

 25 03-04



O REENCONTRO
Mineiro de Belo Horizonte
Aos oitenta e sete,` cai o pano.´
Foi se inspirar noutra fonte,
O escritor Affonso Romano
*
Sant´anna deixou vasta obra
Em seis décadas de produção
Cronista do JB
Cumpriu bem sua missão!
*
Vai se encontrar com Colasanti
Sua esposa, sua amante
Que partiu neste janeiro
Também, nas Letras, gigante!
AS 04 03 25



segunda-feira, 3 de março de 2025

AH! SERÁ QUE ELA...

 25 03-03

AH! SERÁ QUE ELA...

♫ Dá-me um gelinho aí... eu tô a cem por hora..
Dou, não! Espere sentada porque...
Sei... Sei. Gramática perfeita. Mortalmente perfeita!

Mas...

Mata a força da frase. A linguagem exuberante do povo.
A Língua tem um quê de centopeia
A Língua é a pista. A grande pista!
A fala é a raia. Uma pista que se preza tem várias raias.
"Cada qual na sua fala canta a sua ladainha."
Pista e raia, se entrecruzam e se interpenetram.
.
♫ Me dá um gelinho aí... é pra já! Aqui é assim: nesta raia, tudo é rápido, mais ligeiro do que mijada de rã! Logo a gente entende.
.
É. Como diz e diz bem, Drummond em sua poesia “Aula de português:” O português são dois; o outro, miiiistério! Esta poesia é simplesmente... leia e comprove! <> Tirante o incentivo à leitura, é de bom alvitre - para melhor compreensão do texto - a leitura da poesia mencionada.
.
Ah! Será que ela jogou a roupa fora?
AS – 03 03 25

NÃO DEIXE O HOMEM BATER, NEM EM SEU ATREVIMENTO! - Dalinha

 25 03-03





Por Dalinha Catunda

Cordel para a mulher que quer viver um , DAQUI PRA FRENTE.
NÃO DEIXE O HOMEM BATER,
NEM EM SEU ATREVIMENTO!
1
Desde pequena eu ouvia
Nas declarações de amor
Que não se bate em mulher
Nem mesmo com uma flor
E para viver comigo
Com sinceridade digo:
Cuidado com o andor.
2
Não nasci para apanhar,
Nunca fui uma qualquer.
Respeito é bom e eu gosto
Isto toda fêmea quer.
Se quiser ser respeitado
O meu recado está dado,
E é conselho de mulher.
3
Homem que bate em mulher
Com toda sinceridade
É um projeto de homem
Não é homem de verdade
E a mulher que é surrada
Também chamo de culpada
Por sua cumplicidade.
4
Quem apanha uma vez,
Vira saco de pancada.
Se ele alterar a voz
Procure logo a estrada.
Botar culpa na bebida,
É tática conhecida
E desculpa esfarrapada.
5
No começo são palavras,
Depois vem o palavrão.
E com a voz alterada
Ele vem e senta a mão,
A mulher que é dependente,
Apanha de quebrar dente,
E esconde a situação.
6
Se por ventura apanhar,
Calada não fique não,
Apronte um grande escarcéu
Para chamar atenção,
Alguém vai se apiedar
Por você testemunhar
Na hora da precisão
7
Não cale pra proteger,
Os seus filhos e seu lar.
Depois da primeira surra
Muitas mais irão chegar.
Mantenha a dignidade
Fuja da infelicidade
De querer compactuar
8
Acorde enquanto é tempo,
Tenha determinação.
Um pouquinho de amor próprio
Ajuda na decisão,
Vá procurar nova vida
Com a cabeça erguida
Pra tudo tem solução
9
Hoje já existem leis,
Para socorrer mulher
Que deve ser atuante
Quando o momento requer.
Com a Maria da Penha
No macho se desce a lenha
Do jeitinho que a lei quer.
10
E não fique constrangida
Em procurar seu direito,
Pois quem maltrata mulher
Jamais será bom sujeito
Merece mesmo prisão
E não tenha compaixão
Só cadeia dará jeito.
11
Quanto mais você agüenta
Mais a coisa fica torta.
Hoje vai pro hospital,
Amanhã pode estar morta.
Morar com quem lhe condena
OH Mulher! Não vale à pena,
Tranque de vez sua porta.
12
Não pensem que estou falando
Do chamado cidadão.
Que cumpre com seus deveres,
Que conhece obrigação.
E por ter dignidade
Dispensa a tal crueldade
Sabe bem o que é razão.
13
Está nas mãos da mulher
Os direitos que ela tem.
Cúmplice da violência,
Tal papel não lhe cai bem
Compete a ela se impor
E mostrar o seu valor
Como de fato convém.
14
Quando a coisa ficar preta,
Procure a delegacia.
O Boletim de Ocorrência
É mesmo uma garantia.
Em seguida abra um processo
E nada de retrocesso
Acabe com a agonia.
15
E quando for ao juiz,
E o mesmo lhe perguntar:
Vai retirar o processo?
Pretende continuar?
Prossiga com sua luta
Altiva e bem resoluta,
E nem pense em fraquejar.
16
Nunca pense em piedade,
Prossiga firme em frente
Sendo assim construirá
Um mundo bem diferente
Moldando a sociedade
Trazendo pra realidade
Um homem mais consciente.
17
A velha submissão
Não tem significado.
A mulher emancipada
Tem profissão e mercado.
Mas tem homem que duvida,
Que a história dessa vida
Já tem um novo traçado.
18
Foi-se o tempo em que mulher
Babava seu travesseiro,
Pois abortando seus sonhos
Chorava o dia inteiro.
Sendo hoje alforriada
Não deve ser humilhada
Já basta de cativeiro.
19
Mulher, bastante atenção,
Vive-se novo momento,
Não deixe o homem bater
Nem em seu atrevimento!
Se o homem perde a razão
Levantando sempre a mão
Tenha seu discernimento.
20
Quantas Marias se foram,
Por causa da violência.
Dê um basta nesta história,
Já chega de complacência
Não baixe mais sua crista,
Canto de galo machista
Está fora de evidência.
21
Escreva nova história
Tenha mais dignidade
Foi-se o tempo da Amélia,
Reina hoje outra verdade
Onde a mulher é guerreira
Levanta sua bandeira,
Diante da realidade.
22
Não quero ver estampado,
Seu retrato no jornal.
Esta violência toda,
Garanto não é normal.
Não quero chorar de pena
Vendo você no Datena
Numa ocorrência fatal.
23
Nunca seja alvo de bala,
E nem morra estrangulada.
Não quero ouvir o seu grito
Bem na hora da facada.
Aprenda a se defender
Use todo seu poder,
Não fique paralisada.
24
Não ature violência,
Diga adeus à sujeição.
A lei Maria da Penha
Tem a nova geração,
Esqueça o tempo da peia
Covarde é bom na cadeia
Para amansar na prisão.
25
Louvo Maria da Penha
Que teve garra e lutou.
Uma lei muito importante
Para mulher conquistou.
Dedico-lhe este cordel
Mulher de nobre papel
Que a história registrou.
*
Cordel de Dalinha Catunda
Xilo de Erivaldo Ferreira

BANHO NA BICA DO MEU IPU

 25 03-03


𝗰𝗼𝗶𝘀𝗮𝘀 𝗱𝗲 ✍ 𝗔𝗦
𝑨ᶦʳᵗᵒⁿ 𝑺ᵒᵃʳᵉˢ
03 ⁰³ ²⁵
Aqui, `enciminha´ da serra
Toda cidade se avista
Um friozinho gostoso
Não precisa lençol santista.
Me enrosco com minha Costela
Passo a noite grudado nela
'Passando ˢᵉᵘ ᶜᵒʳᵖᵒ `em revista!´
::
No outro dia fui tomar banho
Na bica do meu Ipu
Não havia um só vivente,
Excetuando `EuMaisTu!´
Triste acordo, minha gente
Triste sim, e consciente
De que o real é nu e cru!

AINDA ESTOU AQUI - Ganha Oscar

 25 03-03






REALMENTE É COISA DE CINEMA

Quando se diz ao elogiar
"Isto é coisa de cinema,"
É o mais alto grau do louvar
É uma exaltação suprema!
*
Foi muito além do esperado
Estupendo, divinal
Ah! merece ser “filmado”
Nunca se viu coisa igual!
*
E se a coisa é realmente
De cinema, como dizer?
Não sei! Só sei que a gente sente
Orgulho, alegria... prazer!
*
Eu, `Ainda estou aqui´
Sem querer acreditar,
Será verdade o que li?
O Oscar é nosso minha gente!
Vamos pular... gritar
O verdadeiro carnaval
É do Braaasil!
Vai que é tua, Fernanda!!!!
AS – 03 03 25 /02:04

domingo, 2 de março de 2025

𝗗𝘂́𝘃𝗶𝗱𝗮? 𝗡𝘂𝗻𝗰𝗮 𝗠𝗮𝗶𝘀!

 25 03-02

          Aᶦʳᵗᵒⁿ Sᵒᵃʳᵉˢ

Io, Io, Io, Io! Que é isto, AS, o que aconteceu? 

Olha que esquisito: chamar Ioneide de “Ior.” Daí, nada de pronunciar iorgute. Lembre-se da Io... e dúvida? Nunca mais!

-- Mereço um iogurte?

-- Até mais, Io!

É  de... io-io-io e a cantiga da pronúncia é uma só


O CORDEL SEM A MULHER

 O CORDEL SEM A MULHER

Mote de Dalinha Catunda

1
O cordel sem a mulher
É Adão sem sua Eva,
É o planeta sem o sol
Onde tudo é breu e treva.
É comida sem ter sal
Amigo não leve a mal,
É serra que nunca neva.
Dalinha Catunda
2
O cordel sem a mulher
É sertão sem vaga-lume
É espelho sem o brilho
O roçado sem legume
Goiabada sem ter queijo
Agarrado sem dar beijo
Uma rosa sem perfume
Giovanni Arruda
3
O cordel sem a mulher
É evento incompleto
Porque ela é a parcela
Que deixa o ato completo
A mulher dá estrutura
Para o bem desta cultura
Pra seguir certo e correto
Rivamoura Teixeira
4
O cordel sem a mulher,
É igual noite sem dia,
Um riacho sem ter água,
Missa sem ave Maria,
É inverno sem fartura,
É música sem partitura,
É letra sem melodia.
Joabnascimento
5
O cordel sem a mulher
É sexo sem ter tesão
Casamento sem amor
É fogo sem ter paixão
É um sepulcro caiado
É Batista sem amado
Vate sem inspiração.
Bastinha Job
6
O cordel sem a mulher,
É um sertão sem poeira
É o Cariri sem pequi
É um convento sem freira,
Juazeiro sem romaria,
Barbalha sem poesia,
E o Crato sem cirandeira.
Lindicássia Nascimento
7
O cordel sem a mulher
É pinga sem tira-gosto,
É namoro virtual
Sem amasso sem encosto.
Feijoada sem toucinho
Panelada sem ossinho
Ir à praia com sol posto!
Airton Soares
8
O cordel sem a mulher
É um São João sem fogueira,
É jardim sem margarida,
É tapera sem goteira,
É Sertão sem poesia,
Cantador sem cantoria,
Ciranda sem cirandeira.
Anilda Figueiredo
9
O cordel sem a mulher
É sarau sem poesia
É como uma linda joia
Sem termo de garantia
É São João sem fogueira
Caruaru sem a feira
Café fraco e sopa fria.
Josenir Lacerda
10
O cordel sem a mulher
É noiva sem casamento
É escola sem criança
Criança sem alimento
É o mar sem pôr do sol
Montanha sem arrebol
Cidade sem movimento
Creusa Meira
11
O cordel sem a mulher
E como o dia sem sol
Uma noite sem estrelas
Aurora sem rouxinol
É inverno sem ter chuva
Um parreiral sem ter uva
O Brasil sem futebol
Araquem Vasconcelos
12
O cordel sem a mulher
É um sítio sem pitaia
Uma casa sem ter portas
Um litoral sem ter praia
Lindicássia e Dalinha
Josenir Creusa e Bastinha
Viva o cordel de saia
Araquem Vasconcelos
13
O cordel sem a mulher,
É fogueira sem tição,
É casa sem cobertura,
É escola sem lição,
É Crato sem cirandeira,
Um cercado sem porteira,
Nordeste sem lampião
Joabnascimento
14
O cordel sem a mulher
É um terreiro sem galinha
É um verso que só rima
Poesia fora da linha
É como o sol sem a lua
É poesia inda crua
É poesia sem Dalinha.
Gerardo Carvalho Pardal
15
O cordel sem a mulher
É um rio sem nascente
Um desfile na avenida
Sem a comissão de frente
Um samba sem ter cartola
Um festival sem viola
E um cantador sem repente .
Jerismar Batista
16
Maria Bonita foi Poetisa?
Eu acredito que não
Mas gostava de versejar
Ouvir linda canção
Dizem que Lampião foi Poeta
Maria Bonita era discreta
Gostava do verso então!
João Roberto
17
O cordel sem mulher é
Como abraço sem calor,
Sorriso que não tem graça,
Fruta que não tem sabor;
Roçado sem ter legume,
Amor que não tem ciúme
E jardim que não tem flor.
(Joames).
18
O Cordel sem a mulher
Sequer ele existiria
Seria coisa qualquer
Sem verso nem poesia
A Mulher é criação
E fonte de inspiração
Ela é luz que alumia
(Pedro Sampaio)
19
Pedro Sampaio
O Cordel sem a mulher
É umbigo sem cordão
É um carro com chofer
Perdido na direção
É fim de toda magia
Fim do sal na poesia
Morre a versificação
(Pedro Sampaio)
20
Veronica Sobral
O cordel sem a mulher,
É Sertão sem ser Sertão.
É verso sem glosa e rima;
Poeta sem inspiração;
É Sertão sem invernada,
É safra sem umbuzada,
É junho sem ter São João.
Veronica Sobral
21
O cordel sem a mulher
É o futebol sem a bola
O bonito sem beleza
É desculpa que não cola
É querer voltar sem ir
Querer descer sem subir
É um papo que não rola.
Francisco de Assis
22
O Cordel sem a Mulher
Fica sem vida e sem graça
Não tem tempero é sem gosto
É se sentar numa praça
Sozinho e descabelado
Sem a poesia de lado
Somente a loucura o abraça.
Vânia Freitas
23
Acredito que o cordel
Quando chamou a mulher
Disse: "chegue mais querida
Mas venha quando quiser,
Traga a sua competência
Junto com a independência
Sendo aqui quem você quer.
Zé Salvador
24
Mulher escreva em cordel
puxe a deixa ou cante o mote.
Brinque versando na vida
e deixe que o povo note,
Se não gostar, o machista,
mostre o talento, insista...
O fogão, que ele pilote!
Zé Salvador
25
O cordel sem a mulher
É um beijo sem ter mel.
É rima desnorteada
É noivado sem anel
É homem que perde o chão
É trova sem oração
É uma eterna babel.
Rosário Pinto
26
O cordel sem a mulher
É um beijo sem sabor
É um sapato sem meia
É cantiga sem cantor
É seresta sem luar
É veleiro sem o mar
É namoro sem amor.
Arimatéa Sales
27
O cordel sem a mulher
É um jardim sem beleza
Nele falta a bela flor
Que embeleza a natureza
É a noite sem luar
Pro casal enamorar
Com prazer e com leveza.
Ivonete Morais