sábado, 17 de maio de 2008

Portugueses aprovam reforma ortográfica

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Publicado em 17.05.2008

Via: Jornal do Commercio - Recife
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Ratificação da proposta de unificação da língua portuguesa aconteceu após 16 anos. No Brasil, o MEC prepara treinamento de professores

BRASÍLIA - O Parlamento de Portugal aprovou ontem o acordo ortográfico que unifica a forma como é escrito o português nos países lusófonos. As mudanças vão valer dentro de seis anos. No Brasil, onde o acordo já foi aprovado, os livros escolares deverão ser modificados até 2010. O governo brasileiro já prepara um cronograma para treinamento dos professores da educação básica.
O conteúdo do acordo foi aprovado há 16 anos, mas não podia entrar em vigor sem que pelo menos três Parlamentos de países de língua portuguesa o ratificassem. Além de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde já ratificaram o texto. Faltam Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor Leste. Cerca de 230 milhões terão que se adequar às mudanças.

O texto foi aprovado ontem por deputados de todos os quadrantes políticos, com três votos contrários e muitos deputados abandonando o plenário durante a votação. A iniciativa contrária à reforma com maior impacto em Portugal foi uma petição na internet, que tentou convencer parlamentares a votar contra o acordo.

Os estudos lingüísticos que basearam o acordo indicam que os portugueses terão mais modificações do que os brasileiros. O dicionário português terá de trocar 1,42% das palavras, enquanto no Brasil apenas 0,43% sofrerão mudanças.

Para os portugueses, caem as letras não pronunciadas, como o “c” em acto, direcção e selecção, e o “p” em excepto e baptismo. A nova norma acaba com o acento no “a” que diferencia o pretérito perfeito do presente (em Portugal, escreve-se “passámos”, no passado, e “passamos”, no presente).

Algumas diferenças vão continuar. Em Portugal, polémica e génesis manterão o acento agudo – o Brasil continuará escrevendo com o circunflexo.

O ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad, deu ordem ontem para a Secretaria de Educação Básica estabelecer um cronograma para o treinamento dos professores da educação básica. O MEC estuda a elaboração de uma cartilha com o novo vocabulário.

Na opinião do presidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni, o acordo é bom para os dois países. “São 10 milhões de pessoas em Portugal e mais de 180 milhões no Brasil, e os livros portugueses não são bem-vindos no Brasil. Para eles, é um mercado enorme, e para nós também será ótimo”, afirmou.

Para o ex-presidente da ABL, Marcos Vilaça, a simplificação do emprego do idioma vai possibilitar o incremento das relações culturais.

Professores do ensinos fundamental e médio disseram acreditar que não haverá grandes dificuldades de adaptação à reforma ortográfica. “As mudanças não serão grandes e algumas já deveriam ter ocorrido anteriormente. O trema, por exemplo, praticamente nem se usa”, disse Carlos Ramiro, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo.

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