quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Nilto Maciel - Baturité - Ce / 1945 -

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NEM SEI DOMAR MEUS PRÓPRIOS CÃES


Para imitar o imortal Camões,

precisaria ser, meus cidadãos,

mil seres juntos, ter mil corações,

hidra gentil – cabeça, tronco e mãos.


Porém sou pobre, sem nenhuns tostões,

vivo perdido em devaneios vãos,

e sem botinas, becas e botões,

como esses loucos que se crêem sãos.


E velho estou, cabeça toda em cãs,

como meus pais, avós, as minhas mães,

as utopias, ancestrais e vãs.


Talvez pudesse ser padeiro – pães –,

tecer mortalhas – panos – doutras lãs,

porém domar nem sei meus próprios cães.

http://niltomaciel.blog.uol.com.br/arch2006-10-29_2006-11-04.html#2006_11-02_16_13_26-8105644-0

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